quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

FARMACOLOGIA DOS OPIÓIDES



A solubilidade lipídica (coeficiente octanol/
água) é de 1,4 para a morfina, 813 para o
fentanil, 145 para o alfentanil e 1778 para o sufentanil.
A morfina possue a menor lipossolubilidade o
que resulta numa lenta penetração através das membranas;
isto faz com que chegue ao sistema nervoso
central lentamente, exibindo um início de ação mais
demorado. O sufentanil, fentanil e em menor grau o
alfentanil possuem uma alta lipossolubilidade e portanto
um rápido início de ação após injeção venosa.
A porcentagem de ligação protéica (incluindo
albumina e a1-glicoproteína ácida), em pH
7,4, é de 30 para a morfina, 84 para o fentanil, 92
para o alfentanil e 93 para o sufentanil. O fentanil,
alfentanil e sufentanil ligam-se principalmente a a1-
glicoproteína ácida, enquanto que a morfina liga-se,
principalmente, à albumina9. Os opióides mais recentes
possuem um alto grau de ligação protéica, conseqüentemente
uma menor quantidade do fármaco
está disponível na forma livre, estado no qual há a
penetração no sistema nervoso central e produção
do efeito. A alta taxa de ligação protéica também
contribui para um menor volume de distribuição e
limita a quantidade de droga livre disponível para
eliminação pelos sistemas hepático e renal, o que
reduz a taxa de depuração.

A identificação de receptores opióides na
década de 70 foi também acompanhada da identificação
de substâncias endógenas que se ligavam a
eles. Estas substâncias são peptídeos, divididos em
3 famílias, cada uma originada de um gene distinto.
Estes genes orientam o código de síntese de uma
grande proteína precursora a partir da qual os vários
peptídeos ativos são separados. Uma destas proteínas
precursoras é a pro-opiomelanocortina que dá
origem ao hormônio melanocítico estimulante, ACTH
e ß-endorfina. O segundo grupo de peptídeos
opióides deriva do precursor pro-encefalina, que dá
origem a metionina encefalina (met-encefalina) e à
leucina encefalina (leu-encefalina). O terceiro precursor
é a pro-dinorfina que origina as dinorfinas
(com cadeias de aminoácidos de diferentes comprimentos).
Os ligantes endógenos dos receptores
opióides não são só diferentes em suas origens genéticas,
mas aparecem em células e áreas diversas
do sistema nervoso central.


Fonte:
Opióides e Antagonistas
Revista Brasileira de Anestesiologia 65
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994

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